quinta-feira, 22 de julho de 2010

"Era linda. Tinha traços suaves, como se ondas calmas em dias quentes deslizassem sobre ela.
Olhos grandes, expressivos e brilhantes (rarissimos), combinando com seus cílios curvos; nariz fino e tão delicado, que se assemelhavam a copos de cristais em dia de Natal. A sua boca entrava em harmonia com sua maçã do rosto, era grande...belo mesmo era seu sorriso. Sua cor de luar lhe dava o toque final.
A casa era grande, haviam janelas por todo canto, não havia portas, não havia gente, não havia encanto ali. Cada dia, ela buscava uma janela diferente para ver o sol e o jardim de diferentes ângulos. Via passáros em árvores, flores nascendo, podia ouvir ao longe o som da água batendo nas pedras... E dava nome a tudo. Encostava o peito na janela e debruçava a sua cabeça sobre os braços, deixando que seus cabelos longos ficassem para fora da janela.
Passava ali o seu dia. Aquilo era felicidade para ela. Poder ver as mudanças da natureza com grande facilidade e saborea-las como se fossem suas.
Cresceu. Cresceu tanto que podia até mesmo sentar-se na janela. E disso ela gostava muito...
Um dia, o sol não nasceu. A chuva caiu, levando tudo o que via. Do lado de dentro podia se ouvir as trovoadas, o agito das árvores e o barulho da água se aflorando cada vez mais e mais...
Não entendia o motivo de tanta furia. Não havia nada na sua vida que lhe desse mais prazer do que ficar na janela, sonhando e vislumbrando a paisagem. Agora, de janelas fechadas se sentia vazia... Estaria ela sendo punida? Mas pelo o que? O que havia feito de tão grave que o que mais amava lhe foi tirado?
A sala estava escura e fria, quando então, resolveu abrir a janela. O jardim não era o mesmo, tudo estava fora de ordem, suas flores preferidas estavam do outro lado, havia árvores caidas.
Chorou tanto que acabou dormindo um sono pesado... Acordou e achou que tudo não passava de um sonho. Mas ainda podia sentir a dor no corpo que só a perda nos proporciona. Era tão real...
Os dias passam lentos e dolorosos quando nada nos pertence, quando nada faz sentido. Uma culpa grande vem nos atormentar "eu podia ter feito isso...", " se eu...". Assim, aquela figura de menina enluarada, com o corpo em leve movimento, se tornou fria e sem esperanças. Não havia mais o seu jardim.
Ouviu um barulho que lhe assustou muito. Alguma coisa estava do lado de fora e pedia para entrar. O engraçado, é que não sabia como, mas havia uma janela bem lá no fundo, que parecia maior e era justamente dali que ouvia o barulho. Chegou bem perto... Não teve a coragem de abrir. Não tinha forças para ver o seu jardim devastado.
Os dias passaram mais uma vez lento e sem graça; a prisão nos torna infrutíferos, alvo de nosso próprio medo.
Outra vez o barulho. Dessa vez, tão forte que se ela não abrisse, ele não pararia. A coragem só veio quando respirou fundo e pensou que nada poderia acontecer de pior do que perder o seu tesouro.
Ali estava... O jardim mais belo, os pássaros de cantos ímpar, a cachoeria podia ser vista bem de perto, a grama de estendia como um tapete de camursa... Não podia acreditar, não queria acreditar. Sentiu o sol batendo em seu rosto e queimando as lagrimas que caia...
Mais do que ver, agora ela podia tocar. Não estava mais distante... Estava ali. Correu por todos os lugares, riu e chorou de alegria por muito tempo. Pode beber a água da vida, pode beijar as flores do amor... Agora, ela podia TUDO.

Deus, quando nos fecha uma janela, nos abre uma porta. Deus, quando manda chuvas nos tirar, nos dá o sol para renascer. Nós quando achamos que perdemos o que mais valorizamos, Deus nos dá outros motivos para viver. Acredite, nada é por acaso. Tudo está em perfeita harmonia em meio ao caos... Por que Deus não erra. "

terça-feira, 20 de julho de 2010

Gota por gota é mar.

"Pedra sobre pedra.
Descalça na areia e olhos atentos,
Da paz que se busca
Agora, são só os ventos

Migalha por migalha.
Café na mesa e pôr do sol
Em dia de terra molhada

Passo por passo.
É pequeno o riso
Do vôo do pássaro
Livre e sem risco

Pouco a pouco, me refiz
Agora, sou louco
Louco pela vida de giz."

domingo, 18 de julho de 2010

Fonte de luz

Os puros erram... e erram mais do que todos, pois vigiam cada movimento que dão. A única diferença dos outros: os puros aprendem.
Eles sentem a dor do erro duas vezes. Uma por si e outra para quem também se feriu... Os puros não são egoístas até em sentimentos.
 Quando fico perto de alguém e sinto uma energia boa me envolver, olho para os seus olhos. É lá que mora toda a paz que carregam. Eles não precisam de asas, de roupas brancas... Estão até em roupas pretas. Se distiguem mesmo é pelo coração quente e fraterno.
O que me agrada nisso tudo é o fato de ainda ter pessoas com caráter que não desistem facilmente se entregando aos vicios... Consomem virtudes!
Os puros são aqueles que erraram, que distribuiram lágrimas, que plantaram mentiras e depois de tudo, se arrependeram. Recomeçaram. Criaram forças e sorriram mais uma vez pra vida. Os puros somos nós que buscamos sem cessar a paz e damos aos outros o pouco que temos.
Na verdade, isso tudo é o sussurro da alma que pede por compaixão. Ouvir não é fácil... Mas é o difículdade que petrifica a  pureza.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Força, o nó que une.

Isso ultrapassa qualquer definição e descrição, por que "só quem sente, sabe".
 A força nasce de uma fagulha produzida por nós mesmos. Muita gente acredita que a força surge do nada, que temos de cria-la, de tirar do inexistente. Ledo engano. Ela está bem aqui, dentro de nós, a todo instante.
Começa quando produzimos endorfina e não sentimos nossos pés tocarem o chão. Começa quando amamos, quando nos doamos, quando compreendemos. É ai que ela é produzida e fica armazenada para quando precisarmos.

Situações diversas vemos todos os dias de sofrimento, em forma de caleidoscópio; o pessimismo, a falta de visão do futuro, o "tudo dá errado", "mas porquê comigo?"  é um instinto de "cuidado!" que nós mesmos desenvolvemos no decorrer da vida. A força que foi armazenada começa a surgir, mesmo que não queiramos. Ela vem bem calma, em forma de sinais, e se nós nos recusamos por opção, ela não nos abandonará.

O passado não pode deixar de nos pertencer, assim a força que criamos sem perceber, ainda está lá, pronta para ser usada, é só nos darmos a chance. Nos permetindo, ela vem a todo vapor, pois a força ama a felicidade: é assim que se gera mais e mais.
Incrível como a vida faz todo sentido assim. As situações mais dificeis que passamos e depois conquistamos outra vez o lugar ao sol, é uma ponte para que possamos nos sentir realmente fortes e pronto para tudo. Nada nos deterá nessa fase de conquista, ela é saborosa demais, prazerosa ao extremo, sendo assim não queremos perde-la. Por isso, quanto mais uma pessoa "sofre" e não desiste, mais pura ela se torna. Não importa quantas vezes errou, se ela realmente quiser, a força dela está armazenada nos momentos de alegria total que já passou. As lembranças são poderosas se soubermos usar saudavelmente.
Alguém que nunca sorriu, que nunca se permitiu, pode até encontrar a força... através da raiva. Mas essa eu não entrarei detalhes, pois é óbvia: nada que se constrói em sólo infértil, dará bons frutos.
Por isso, acredito realmente que, devemos sofrer sim, nos dar um tempo para sentirmos tristeza, mas que nunca nos falte a vontade de ter força para recomeçar... Ela está muito próxima. Está dentro de nós.

domingo, 4 de julho de 2010

Não é de minha autoria, mas merce um espaço aqui.

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo

Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."

Olavo Bilac.