terça-feira, 29 de março de 2011

"Sinto falta do que não vivi.
Se pudesse andar sobre a lua e assim sendo admirar a Terra tão distante e azul, sentiria saudades. Saudades de casa. Saudades da gravidade. Saudades.
Daqui posso ver a lua e sentir um aperto. Já estive várias vezes tocando o seu tapete de poeira. Sim, já estive lá. E sinto falta... Falta dessa imaginação tão viva e real.
Sinto falta do que não vivi.
Ainda que eu ande satisfeita por estas estradas, ainda falta um pedaço. Sempre falta um pedaço quando seu coração está em um lugar e sua cabeça em outro. Meu coração sente falta dessas viagens rápidas, prazerosas e intensas até o outro lado do firmamento, e minha cabeça me diz para ficar cada vez mais aqui.
Sou a prova de que os olhos não mentem a voz do coração. Olhar para a lua é colidir minhas veias e artérias umas com as outras. É só saudade do que faz parte da minha casa.
Sinto falta de voltar a lua.
Sinto falta de sentir falta de casa, por estar tão distante.
Sinto falta do que não vivi."

terça-feira, 15 de março de 2011

Mas... Quem faz o palhaço rir?

Depois que a luz se vai, o palhaço é sombra. Quando o palco é só lembrança, vazio fica o palhaço.
- Doutor, a tristeza me consome! -  dizia a pobre.
- Vá ao Circo! Ria com o palhaço. - dizia o mais pobre ainda.
E assim curou-se o coração despedaçado.
Mas, me diz, D outor! Quem cola os cacos do palhaço? Quem cuida do riso de quem só sabe fazer rir?  Me diz, se ele sabe rir de si mesmo e contente está por isso! Me diz, Doutor... me diz...
Posso até ver sua maquiagem escorrendo com a lágrima. Todos riem da sua tristeza, porque tudo é graça. Tudo é festa da desgraça. Posso ouvir as gargalhadas enxendo o circo, esvaziando o palhaço.
Os palhaços também choram. Quem se importa com os palhaços?

quinta-feira, 10 de março de 2011

Sem medo, sem mais, apenas em frente.

"A dúvida é a parte que divide: se for por ali talvez eu siga sempre assim. Mas e se eu não for?
Toda a certeza precisa de provas, de experimentos, de experiência e principalmente confiança.
Não é um mal errar, seguir o lado oposto, desviar do contínuo. O mal é não arriscar, ter medo do que pode vir, impedir-se do auto-conhecimento.
Pode até ser dividido entre facil e difícil. Não importa. Os dois te levarão à algum lugar... Se for errado, a vida dará um jeito de uma nova oportunidade, seja quando ou onde for.
Escolher pode parecer trágico, porque uma metade deseja e a outra repele.
Mas acredite: trágico é não arriscar; deixar passar todas as oportunidades esperando que venha uma em que te pareça perfeita. Acredite, mais uma vez, ainda nada está perfeito, visto que essa é a busca. Então, por que não errar escolhendo? É só saber cultivar flores e espinhos."

Água Salobra

 "Dexei que viesse a mim, tudo o que fosse de ti.
Como ar, respirei suas ambições...
Inalei toda a sua alma que fluia facilmente até as minhas entranhas.
Dexei que a chuva caísse até onde pudesse semear;
deixei que ela simplesmente caísse, naturalmente...
É tão inofensivo que domina sem pretensão:
 escorrendo o gelo que arrepia da água que fica.
Vem calmo e depois me tira do sossego.
Joga-me contra minhas verdades e me põe onde nunca estive.
Mas não me perco facilmente,
porque, lá vem você de mansinho, 
a ser mais uma vez minha luz em meio à escuridão."