segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Néctar insubstituível

Uma lágrima escorreu dos olhos da pequena flor, como o orvalho. Por obra e magnitude das ordens naturais, uma borboleta pousou e sussurrou para aquela colorida de formas perfeitas, que era preciso doar seu néctar. Era preciso esquecer a dor do que ficou, e ainda assim, achar forças para doar o melhor de si para que o processo pudesse continuar.
Gentilmente, a pequena borboleta enxugou as pétalas, e em agradecimento a flor doou seu néctar sem nenhum esforço.
A borboleta voltou no outro dia, mas novas borboletas tinham chegado primeiro, ela procurou em outras flores o mesmo sabor... Mas foi em vão.
De longe viu a flor cada vez mais forte e bonita, disputada por outras grandes borboletas; as outras flores se tornaram pequenas perto da sua grandiozidade. Tentou então se aproximar e entrar na disputa.
A ilusão da flor em pensar que aquela borboleta era diferente de todas, tinha se transformado em realidade.
A flor se afastou de tudo, de todos. Não voltou a beber os raios de sol, e se viesse a chuva, ela se entregava sem pensar em mais nada.
Depois de um tempo, quando suas raízes estavam sendo consumidas por outros bixos parasitas, a borboleta voltou e pousou sobre a pétala.
Sussurrou no seu ouvido alguns segredos, algumas experiências, algumas paixões. A dor seria mortal, se o tempo não tivesse mostrado à flor que os amores não são sempre certos; o amor de um amigo é a certeza de que se pode sonhar e não se decepcionar.
Ela o sentiu presente mais uma vez, e quando ela se fez linda aos raios do sol, a borboleta teve a certeza de que o amor que sentia, era um carinho delicado e sútil. A borboleta teve a certeza de que depois daquele dia, poderiam vir borboletas de todo o mundo, mas para a flor ela era insubstituível.

Eliandra C. M. em homenagem a F. D.

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