quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Mãos que semeiam

"Pode vir com suas pedras, pode vir com seus punhos fechados. Mas vem logo, vem depressa, que meu Deus não tarda em ser justo nessa ignorância dos homens. Se você vier de mansinho, eu te mostro, com a paz que me foi dada, do que Ele é capaz de transformar..."

sábado, 17 de outubro de 2009

A trama de um vestido

"Uma brincadeira inocente, dessas de fazer você chegar em casa e não conseguir dormir. De quando mergulhar nos sonhos, afogar-se nos olhos, no nariz, na boca... na respiração. E ainda, quando acorda, pensa se um dia será real. Foi assim, em alicerces de candura, promessas, toques pequenos e sorrisos constrangidos que brotou nas veias uma necessidade de possuir.
Ele procurava alguém pra passar um tempo, ela só via o olhar dele em todos os lugares. Com essa frase, o resumo do que estava por vir, se faz depressa, sem demora. O que é visto e não sentido culmina em um fim; triste pra quem sempre só sentiu. "Mais uma" para quem apenas brincou. Pelo fato de que sentimentos eram fragmentos soltos dentro de si, fora de órbita, sem necessidade alguma de mutualismo.
Ela voltou, gritou, descabelou-se, perdeu a voz... perdeu a inocência. Se viu diante do espelho retorcida, sem a outra metade, sangrando pelas lágrimas e um forte "tum-tum-tum" que era o único som que preenchia o vazio dentro de si.
Depois de gastar todos seus esforços pensando no que foi com ele, no que é e no que será sem ele, decediu colocar sua roupa mais bonita, se achar linda outra vez e mandar tudo para o inferno. Trocou o sapato baixo por um salto, trocou seu casaco por um vestido curto. Se viu diante do espelho novamente, ainda assim, linda e impossivelmente sedutora, sentiu que ainda faltava alguma coisa. Quem sabe uma bolsa? Trocou, revirou, rasgou e picotou todos os tipos de bolsa. "Nada dá certo", pensou.
Tirou todas as ropas para fora, e descobriu um que ele tinha dado a ela. Colocou e se vestiu de saudades; ainda podia sentir seu perfume se espalhando no quarto. Se viu novamente imersa naquela gargalhada gostosa, naquele corpo no seu, naquela boca que pedia a sua. Depois desse impasse, se olhou no espelho e dessa vez, nenhuma gota saltou do coração-a-olho.
Deu uma risada sarcástica e ergueu o som. Um rock pesado deixou sua maquiagem tentadora demais para aquele rosto angelical.
Prometeu para si mesma que aquela noite seria a sua noite. Nada estragaria, nada estaria fora do seu alcance. Talvez, esse fosse o jeito mais sensato de aprender a se amar mais, de valorizar mais a cor dos seus olhos do que valorizar quem juraria que seus olhos fossem castanhos quando eram verdes.
 "Droga!", de tantos lugares que ele podia estar, lá estava ele. Voltou pra trás, caminhou depressa até o outro lado da rua, sentiu queimar a garganta de raiva. Foi enxugar os olhos para que as lágrimas teimosas, parassem de querer aparecer; olhou em um vidro que refletia sua imagem. Ele atrás dela, rindo com os amigos e olhando para todas as meninas que passavam. E ela chorando por ele não a olhar ...
Aquele rock que ouvira voltou. Fez suas veias ferverem, seus olhos ficarem lúgubres e, o céu estrelado, se transformar numa mancha cinzenta e obscura.
Deu meia volta, atravessou a rua. Jogou os cabelos e sentiu que seu perfume tinha se espalhado. Sorriu com essa sensação de poder. Tomou cuidado para que ele não a visse. Subiu as escadas. Quem a visse teria a certeza de que ela trocara as escadas do céu, pelas escadas do inferno: tentador e quente demais.. Aquele anjo deslizava sobre o chão e o seu balanço parava o universo.
Uma mão fria tocou o seu braço. Os olhos voltaram a ser um vulcão em erupição. Olhou devagar, quase que se não quisesse olhar.
Ele disse alguma coisa e depois sorriu. Ela cuidou para que quando o visse não deixasse a magoa voltar.
Seus olhos se chocaram, de uma forma violenta. Quando viu que era ela, seus olhos percorreram o seu corpo todo, e depois voltaram em extase para os olhos sedutores daquela doce e poderosa mulher.
Se ele soubesse que aquele vestido a deixaria tão sublime e subliminar, jamais a daria. Afinal, aquela menina não tinha despertado tanto o seu desejo como agora em forma de mulher.
Um sorriso devastador, fez ela virar e entrar no seu lugar de destino.
Dançou a noite inteira... E ele, bem, ele a olhou de longe.
Se você é responsável por aquilo que dominou algum dia, será para sempre, entre esses laços inquebraveis, de alguma forma ligado a isso. No balanço daquele vestido, contornando sua silhueta, se perdeu entre os abraços e beijos que agora não tinha.
Uma vez que o coração se torna incontrolável, impossível e indomável, a inocência deixa de fluir e passa a transformar a lagarta numa borboleta de cores vibrantes.
Ele poderia algum dia se deparar com as suas asas, com o seu perfume, mas não encontraria mais aquela menina que deixou para trás em busca de mulheres satisfatórias a seus desejos. Ele não poderia imaginar que a sua menina de outrora, era agora a mulher dos seus sonhos, e poderia até ser a mulher de muitos...
Mesmo sentindo uma parte sua faltando, e rasgando o vestido quando chegou em casa, ela se sentiu forte, e aquela dor foi aos poucos ficando leve. A sua força vinha do seu amor próprio. Seu pedaço estava voltando ao seu lugar de origem.
Suas asas ganharam novas viças, e seu olhar mesmo que sedutor para aquela menina interna, não deixou de cultivar por onde foi novos perfumes e olhares. A falta que sentia ainda, não era maior do que seu desejo por ser dessa vez, dona do seu próprio vestido.
Ele a encontrou algumas vezes, sem coragem nenhuma para conversar, ou apenas perguntar se ela estava bem. Depois de um tempo, naquela mesma rua, se sentindo poderosa, atravessou sem olhar a rua. Um farol cegou seus olhos, seu corpo caiu abruptamente no chão. Anjos, não possuem poder de alterar o imprevisto... Tudo agora estava em outro angulo.
Esse ainda não era o seu fim; ao abrir os olhos cheios de confusão, viu sobre ela, asas brancas de um menino que também de transformara em um homem, lhe trazendo a paz em um sorriso perfeito."


Eliandra C. M.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

You're My Wonderwall.

É abusrdo ter que pensar que nada é como foi. Sabe como é? Você acorda e espera um sorriso. Espera um telefonema, ou um simples gesto. Espera tantas coisas que em dias comuns você não percebia o quanto era importante.
Quando tudo se vai, assim, escorrendo pelos dedos se conhece o valor do que sempre esteve na ponta dos seus dedos e dentro do coração. Pode ser grande, ou pequeno o ato de fazer alguem partir. Não importa se o mundo inteiro sabe, se só você sente ou se a outra pessoa sente o mesmo; nesses momentos de perda, não da para despedir assim do passado, de uma forma tão brusca o que se leva anos para construir. Ninguém pode substituir - quando há verdade- um aperto de mão pelo um tapa na cara. Muito menos um sorriso por uma lágrima. De todos os erros em que fui ativa, nunca me passou pela cabeça que nesse jogo quem lança os dados é o amor, e quem decide se você recua ou lança para frente é o perdão. Fostes antes preciso aprender apenas vendo os tombos alheios e não sentir na pele o que se passa quando não se há para onde ir... e nem em quem socorrer-se.
Já teve a sensação de que o seus pés não tocam o chão? Já teve a "honra" de não ter em quem se equilibrar? Ainda mais sabendo que este sempre fora o seu alicerce? Se já provastes desse glorioso e impietuoso sentimento, eu vos digo: respire o ar - mesmo que alguém seja o ar para você- bem fundo, traga para si o que já foi e pense no que será. O presente, a vida encarrega de te entregar, em forma se surpresa.
O tempo é companheiro da verdade e da ignorância. Pode-se muito bem manter o que sempre foi, o que um largo espaço de tempo constrói, e destruir o que era. E isso leva segundos...
É de suma cretilinidade fazer alguém que você estima chorar por um erro seu, ou por vários erros. E mais uma vez o amigo tempo chega para esvaziar aquele coração afogado em mágoas, e dar uma nova oportunidade para que o amor não se acabe; apenas, se fortaleça.
De todos os meus erros, e das minhas colheitas, tentarei levar algo de bom, vendo sempre os problemas como soluções; não prometo trazer todos as lindas flores, mas guardar as belas fragâncias que cultivei para dar a aqueles em que meus espinhos feriram. Palavras são faceis e traiçoeiras na boca de quem não sente o que diz... Estão ai os olhos para desmentir tal injustiça. Digo com o coração, quando digo que me arrependo, e volto atrás do que me faz falta, ainda mais sabendo que a minha aunsencia pulsa magoas no coração de quem já te protegeu.
Complicado é ter que começar tudo de novo com quem se conhece cada gosto e desgosto. Isso é apenas complicado; crio gosto pelo aparente "impossivel" na minha vida, para que nasçam forças em mim, e assim o complicado se trasnforme em uma virtude... Um obstáculo, em que de troféu não levo um coração já antes ferido por mim, mas uma rosa lilás de petálas memoriais, cravadas no meu peito e nos meus momentos.
Do meu pedido de perdão por todas as minhas falhas cometidas, uma alma se já não destinada a viver ao lado do Criador para todo o sempre, não exitou em me mostrar o caminho certo, mesmo quando a ferida que eu mesma expus aos quatro ventos estivesse aberta. Por ter confiado à mim um anjo como és, me sinto indigna de tanta pureza... mas nessa minha indignação para comigo mesma, não consigo me sentir forte se tu não fores o anjo que sempre foras. Faço agora do meu egoismo constante, a repartição de todo o meu arrependimento e do meu amor que dificilmente mostrei.
Nessa nova etapa, eu te juro pela essa alma que vos fala: As minhas melhores fragâncias se deve à você. E é por você ser tão admirável, como uma escultura angelical, darei à você os melhores perfumes que tu mereces... Ai então saberas que no meu jardim, as ervas daninhas que plantei, tu arrancastes com tuas unhas asperas e plantastes no lugar com suas mãos de seda sementes de oportunidade.


Eliandra C.M. pra você Estrelinha.

domingo, 4 de outubro de 2009

Unhas Vermelhas

Os passos de pluma, atrás da porta, aceleraram a sua respiração.
Mas ele ficou na  indecisão. Bater e pedir licença, abrir com força e não dizer nenhuma palavra, voltar atrás e esquecer tudo. 
O efeito desse tempo, fez quem estava do outro lado da porta apertar forte o travesseiro, colocando- o contra a face, na tentativa de amenizar os batimentos do coração e sua respiração. Poderia ficar assim até adormecer; no outro dia isso não passaria de um sonho.
O ranger da porta a fez apertar os olhos deixando escapar uma lágrima estúpida que molhou o travesseiro. Poderia ter começado a chover uma hora antes, mas começou justamente naquela hora. Ficou esperando os passos se aproximarem, rolando os olhos para todos os lados sem de virar para porta e ver a sua sombra.
O que era certo, era certo. Não podia cometer o pecado, se queria ser absolvida de seus erros anteriores. Não podia deixar o desejo queimar nas raízes do ventre saindo pelas unhas vermelhas, exalando no quarto escuro o perfume da inocência. Não podia olhar para a sombra e ver a sua porta o que mais queria, não podia ceder a tentação. Depois de todas as dores causadas pelo sentimento de perda, se conformar com o que estava planejado era a saída mais fácil. Na verdade, o mais fácil estava longe de ser a felicidade que sonhava... Mas se submeter ao difícil quando não se sentia forte o suficiente para continuar, estava fora de cogitação. Pensou um momento pelo corpo que tinha sede. Sede daquela chuva que caia devagar molhando aos poucos a janela, sede daqueles olhos se fechando no grito interno, tinha sede daquela sombra.
Esses pensamento foram interrompidos quando a porta rangeu de novo. Seus olhos se abriram rapidamente e apertou mais forte o travesseiro. Queria correr até lá e se jogar. Queria mesmo, era poder dizer, com aquele mel nas cordas vocais:
- Entra...
Mas era o que ela queria e não o que podia. Escolheu fazer tudo certo dessa vez; sem quebrar regras, sem jogos com cartas marcadas.
Mesmo o amando sem objeção a sua figura perfeita que fazia, não podia cometer o suicídio da sua alma agora que tinha um caminho à seguir.
Tudo foi desfeito, como lã na pata de gato, quando um passo calmo se aproximou da cama onde a bela moça tentava o suicídio, agora com as mãos na cara. O perfume que saia daquela alma de trajes brancos, fez com que ela tirasse as mãos do rosto devagar e se deixasse levar pela fragância venenosa.
- Eu estou livre.
Foi só o que ele disse, para depois desse deslize, desse pecado deixar de lhe apunhalar, virar o fruto proibido que mais gostava de saciar. Do pecado ao certo. A liberdade que ele trazia em suas mãos, foi o que a impulsinou a segurar firme e entrelaçar naquela escuridão o seu corpo contra o dele. Pode ver, quando um raio clareou aquele quarto, as suas unhas vermelhas descer pelo cabelo negro apertando sua nuca contra o seu pescoço. Deixou que a libertação que ele trazia em uma bandeja saciasse a dor daquele pecado que agora não existia mais.
Respirou fundo; sentiu, naquele momento, quantos efeitos poderiam levar o coração a acelerar. Talvez, o que ele mais queria sentir eram suas unhas vermelhas. Mas o que ela tinha certeza que queria, era que aquela sede que sentia fosse como a chuva que caia lá fora...