Você foi e não voltou. Andou e não retornou.
Ficou. Abraçou. Saudou. Beijou. E ficou.
Não retornastes por se sentir assim: único.
Sendo único, ficou sozinho em meio ao alfabeto
Mas de uma solidão cuja cultura gramatical,
eu cultuo.
Te disseram:
- Não voltes!
E você... ficou.
Se todas as cartas que não chegaram
fossem enviadas,
Se todos os pensamentos
fossem revelados,
Se todas as verdades
fossem ditas,
Se todas as angustias
fossem de asa quebrada,
Você se perderia no caminho e talvez dissesse:
- Eu não sei voltar. Eu vim para ficar.
Por que o gosto mentiroso, é a verdade,
que pode até não ser dita, mas é a única
em que acreditamos, por enxergamos aquilo que queremos ver.
Pois se eu te disser:
- Voe, com a mesma asa quebrada! Viva... E se quiser volta.
Na verdade, eu quero dizer:
- Fica, mas fica para sempre.
Se eu tiver em mãos, areia
o vento levará.
Se eu tiver em mãos, pedra
a água mole levará.
No equilíbrio desse vôo, eu estenderei minhas asas
para que nada que possa ir embora,
me deixasse aqui, cultuando o ritmo do relógio.
... e se a verdade for pouca,
coloco em prática meu arroubo e ardor.
Pois o que tenho para lhe dar,
só multiplica quando divide,
somando o menos com um pouco mais.
Se a minha verdade fosse dita, sempre assim
você voltaria antes do pôr- do- sol,
sem uma asa - para eu lhe dar a minha -
e balbuciaria, como já o fez:
- Eu não quero voltar. Eu vim para ficar, mas dessa vez para sempre.
Eliandra Caon MarcolinoC. M.
“A leitura faz o homem completo; a conversa torna-o ágil; o escrever torna-o preciso.” Francis Bacon
sábado, 29 de agosto de 2009
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
- Me vê um segundo, por favor?
Ontem eu estava programando o que faria hoje. Hoje estou programando o que vou fazer amanhã. Amanhã, obviamente estarei pensando o que farei no mes que vem.
Amanhã? O amanhã não existe. Então eu tenho que pensar hoje o que farei mes que vem. Mas mes que vem consiste em varios "amanhã".
O tempo é uma coisa louca. Uma "hora" você é lagarta, na outra borboleta. Em quinze minutos você tem fama. Em um minuto o mundo pode não existir mais. Em um segundo, você já foi. Se a vida fosse certa, sem erros, o tempo seria assim também. Mas ele acompanha o ritmo do tic tac, da pulsação do coração, do batuque no tambor, do lá maior no violão.
O ritmo é a frequencia com que os passos vão seguindo os segundos, os minutos, as horas, dias...
Um dia chove. No outro faz sol. Não há como saber se teremos a oportunidade de aproveitar o amanhecer. Se poderemos torrar em baixo do sol, ou pegar um resfriado em baixo da chuva. O tempo atropela o que queremos fazer, por justamente, não deixarmos de ser.
Se eu for só amanhã quem eu não sou hoje, o universo sentirá falta do que eu poderia ter feito de melhor. Até mesmo os erros da vida, têm o tempo certo. A medida certa. Sou hoje o que queria ser amanhã. Por que enquanto eu vejo o sol invadindo uma frestra da minha janela, eu não só respiro, como faço jus a minha nova oportunidade.
Quando o tempo atropelar minhas promessas, deixando saudades, angústias, frustrações eu não o culparei mais. Foi eu que, na verdade, avancei o que já estava certo. Foi eu que atrazei o que poderia ter feito.
Não teria cara para pedir mais um segundo para o tempo, se ele quis todas as vezes ser um grande amigo, e eu o deixei de lado. O deixei para depois.
Deixei o tempo entrar na minha vida, não sendo como a fonte principal, para esquecer, para deixar os tsunamis virarem apenas marolas, mas desfoquei o ponto principal das minhas dores dos meus objetivos, e foi ai que o tempo curou. Tirar o que era o mais importante do que consiste em ser felicidade, é uma ajuda ao nosso querido tempo. Ele fará o cheiro do que sempre foi seu ser o perfume mais doce.
Ser amigo do tempo é ter coragem de ser quem se é hoje, e amadurecer o suficiente para ser cada vez mais, amanhã. Se o seu amanhã não existir, ontem você foi menos, hoje você é mais.Ser amigo do tempo é ter coragem para dizer:
- Me vê mais um segundo, por favor?
Amanhã? O amanhã não existe. Então eu tenho que pensar hoje o que farei mes que vem. Mas mes que vem consiste em varios "amanhã".
O tempo é uma coisa louca. Uma "hora" você é lagarta, na outra borboleta. Em quinze minutos você tem fama. Em um minuto o mundo pode não existir mais. Em um segundo, você já foi. Se a vida fosse certa, sem erros, o tempo seria assim também. Mas ele acompanha o ritmo do tic tac, da pulsação do coração, do batuque no tambor, do lá maior no violão.
O ritmo é a frequencia com que os passos vão seguindo os segundos, os minutos, as horas, dias...
Um dia chove. No outro faz sol. Não há como saber se teremos a oportunidade de aproveitar o amanhecer. Se poderemos torrar em baixo do sol, ou pegar um resfriado em baixo da chuva. O tempo atropela o que queremos fazer, por justamente, não deixarmos de ser.
Se eu for só amanhã quem eu não sou hoje, o universo sentirá falta do que eu poderia ter feito de melhor. Até mesmo os erros da vida, têm o tempo certo. A medida certa. Sou hoje o que queria ser amanhã. Por que enquanto eu vejo o sol invadindo uma frestra da minha janela, eu não só respiro, como faço jus a minha nova oportunidade.
Quando o tempo atropelar minhas promessas, deixando saudades, angústias, frustrações eu não o culparei mais. Foi eu que, na verdade, avancei o que já estava certo. Foi eu que atrazei o que poderia ter feito.
Não teria cara para pedir mais um segundo para o tempo, se ele quis todas as vezes ser um grande amigo, e eu o deixei de lado. O deixei para depois.
Deixei o tempo entrar na minha vida, não sendo como a fonte principal, para esquecer, para deixar os tsunamis virarem apenas marolas, mas desfoquei o ponto principal das minhas dores dos meus objetivos, e foi ai que o tempo curou. Tirar o que era o mais importante do que consiste em ser felicidade, é uma ajuda ao nosso querido tempo. Ele fará o cheiro do que sempre foi seu ser o perfume mais doce.
Ser amigo do tempo é ter coragem de ser quem se é hoje, e amadurecer o suficiente para ser cada vez mais, amanhã. Se o seu amanhã não existir, ontem você foi menos, hoje você é mais.Ser amigo do tempo é ter coragem para dizer:
- Me vê mais um segundo, por favor?
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Dueto
[...] ai me disseram que beijar em baixo da lua seria muito romântico. Que andar de mãos dadas pela praia, jogando água um no outro, rolando na areia, era muito mais memorável. Me disseram que pular de para-quedas juntos seria uma aventura inesquecível. Disseram, ainda, que beijar na chuva era a melhor sensação. Que as trocas de olhares são intensas quando se há amor. Que assistir filme, abraçado, com aquela chuva lá fora era felicidade demais. Me disseram que o abraço, depois daquela saudade infinita, era eterno.
E de tudo isso, o que eu guardei para mim, não foram os beijos, a areia, a praia, a lua, chuva, filmes e olhares. O que eu guardei mesmo foi o romance, o inesquecível, a respiração acelerada, sensações, intensidade, felicidade, amor; para finalizar toda a minha insanidade: eternidade.
Discordei, então, de que o que fica cravado no peito são as mãos e os abraços protetores. O que fica é a essência; as atitudes são só os meios de se chegar a pulsação descontrolada.
E foi ai, que eu descobri que a NOSSA insanidade, é um pecado que eu não abro mão. Porque viver com água na boca de você é o combustível para a minha essência.
domingo, 23 de agosto de 2009
Advogada do Mar.
O sol nasceu aquele dia.
Um pé esquerdo, depois o direito, foram colocados ao lado da cama. Café quente e uma janela ao som do mar. Assoprou, bebeu, e saiu.
Com os pés na areia, sentindo se afundar, sentou. Nas primeiras horas da manhã, como era de costume, gostava de obervar a vazão do seu eu. Nunca prestou atenção nas ondas, na essência do nascer do sol.
Mas como no dia anterior, a chuva caiu dos seus olhos, e a tempestade dominou seu sono, o vazio que o café não cobriu, veio a lhe tornar inofensiva. O que antes era certo, estava errado demais. A confusão lhe fez esquecer do corpo, do que se passava por dentro.
Olhou para fora.
O mar. "Vou julgar o mar", disse com a voz baixa, imperceptível.
Pensou então em como aquela imensidão, se parecia com o seu eu. Era onda que vinha, onda que voltava. O amor trazia, o destino tirava. A onda quebrava estupidamente, arrastando tudo o que via pela frente. A saudade era assim. Trazia de uma única vez o que estava lá atrás, atropelando tudo, sem pedir licença.
Enquanto a espuma secava, observou, a areia ficava mais fácil de afundar; depois de seca, era mais resistente. Enquanto dói um tombo, fica mais difícil levantar; depois de ajoelhados - com fé - a fortaleza fica nitida em nós. Isso não impede de, outras ondas virem, e arrancarem o que já foi construído. O engraçado é que os recomeços, são as chances de inovar.
As conchas mais bonitas, que estavam ao seu lado, colocou no bolso. As quebradas nem se importou em pegar.
O exterior é inofensivo, não tem culpa daqueles que o veêm assim. Aqueles que possuem chagas, cicatrizes vivas, são deixamos para lá. Mas trazem em si, o que ainda não aprendemos.
Com esse pensamento, devolveu todas as conchas em seu devido lugar. O curso natural deveria se profetizar sem um dedo humano. Devolver, não é perder, é ter a certeza de que estará lá, quando precisarmos. Prender é sufocar; e ninguém ama sufocado.
Quando voltasse, as conchas estariam ali, as que não estivessem, teriam de partir. Isso seria inevitável. Porém, algumas voltam... Recebe-las de volta é uma das escolhas que teria de fazer.
Ficou ali deitada, vendo a natureza de outro ângulo. Dormiu. Um sono sem sonhos.
Quando acordou, o sol estava indo embora. O mar estava quase chegando a onde tinha deitado, por pouco não molhou seus cabelos.
Quis molhar os pés, mas quando viu molhou-se até a cintura. O amr é convidativo; quando a alma está descansada, é mais ainda. Se entregar é fácil de mais. A correnteza não te deixa voltar, afinal, o mar é sózinho, é egoista. Não quer deixar partir aquilo que, por hipótese, é seu. A correnteza, não foi o motivo para que Mariana não voltasse á areia, o que lhe fez bem, lhe fez sorrir, foi os impulsos fortes que o coração dava, quando descobriu que sempre pertecenceu á um só lugar. Ao mar.
Mar e Ana - como era chamada- se tornaram únicos, dividindo um amor neutro - sal e açucar -, uma felicidade de encontro ao pôr-do-sol. Era lá que viveriam: onde há o sol.
Mergulhou e não pensou em voltar atrás. Estava feliz demais ali.
A água do mar molhou os seus passos marcados naquela areia fina, e em resposta a satisfação que sentia ao atrair uma vitima inofensiva - que dominava - deixou, em testemunha do dia que se passou, uma noite que estava por vir. O crepúsculo se fazia ao longe e nem Mariana - a doce Ana - voltaram.
Despois da noite, haveria um novo dia, um novo sol. Mas Ana se entregou ao mar e não viu a nova oportunidade.
Eliandra C. M.
Um pé esquerdo, depois o direito, foram colocados ao lado da cama. Café quente e uma janela ao som do mar. Assoprou, bebeu, e saiu.
Com os pés na areia, sentindo se afundar, sentou. Nas primeiras horas da manhã, como era de costume, gostava de obervar a vazão do seu eu. Nunca prestou atenção nas ondas, na essência do nascer do sol.
Mas como no dia anterior, a chuva caiu dos seus olhos, e a tempestade dominou seu sono, o vazio que o café não cobriu, veio a lhe tornar inofensiva. O que antes era certo, estava errado demais. A confusão lhe fez esquecer do corpo, do que se passava por dentro.
Olhou para fora.
O mar. "Vou julgar o mar", disse com a voz baixa, imperceptível.
Pensou então em como aquela imensidão, se parecia com o seu eu. Era onda que vinha, onda que voltava. O amor trazia, o destino tirava. A onda quebrava estupidamente, arrastando tudo o que via pela frente. A saudade era assim. Trazia de uma única vez o que estava lá atrás, atropelando tudo, sem pedir licença.
Enquanto a espuma secava, observou, a areia ficava mais fácil de afundar; depois de seca, era mais resistente. Enquanto dói um tombo, fica mais difícil levantar; depois de ajoelhados - com fé - a fortaleza fica nitida em nós. Isso não impede de, outras ondas virem, e arrancarem o que já foi construído. O engraçado é que os recomeços, são as chances de inovar.
As conchas mais bonitas, que estavam ao seu lado, colocou no bolso. As quebradas nem se importou em pegar.
O exterior é inofensivo, não tem culpa daqueles que o veêm assim. Aqueles que possuem chagas, cicatrizes vivas, são deixamos para lá. Mas trazem em si, o que ainda não aprendemos.
Com esse pensamento, devolveu todas as conchas em seu devido lugar. O curso natural deveria se profetizar sem um dedo humano. Devolver, não é perder, é ter a certeza de que estará lá, quando precisarmos. Prender é sufocar; e ninguém ama sufocado.
Quando voltasse, as conchas estariam ali, as que não estivessem, teriam de partir. Isso seria inevitável. Porém, algumas voltam... Recebe-las de volta é uma das escolhas que teria de fazer.
Ficou ali deitada, vendo a natureza de outro ângulo. Dormiu. Um sono sem sonhos.
Quando acordou, o sol estava indo embora. O mar estava quase chegando a onde tinha deitado, por pouco não molhou seus cabelos.
Quis molhar os pés, mas quando viu molhou-se até a cintura. O amr é convidativo; quando a alma está descansada, é mais ainda. Se entregar é fácil de mais. A correnteza não te deixa voltar, afinal, o mar é sózinho, é egoista. Não quer deixar partir aquilo que, por hipótese, é seu. A correnteza, não foi o motivo para que Mariana não voltasse á areia, o que lhe fez bem, lhe fez sorrir, foi os impulsos fortes que o coração dava, quando descobriu que sempre pertecenceu á um só lugar. Ao mar.
Mar e Ana - como era chamada- se tornaram únicos, dividindo um amor neutro - sal e açucar -, uma felicidade de encontro ao pôr-do-sol. Era lá que viveriam: onde há o sol.
Mergulhou e não pensou em voltar atrás. Estava feliz demais ali.
A água do mar molhou os seus passos marcados naquela areia fina, e em resposta a satisfação que sentia ao atrair uma vitima inofensiva - que dominava - deixou, em testemunha do dia que se passou, uma noite que estava por vir. O crepúsculo se fazia ao longe e nem Mariana - a doce Ana - voltaram.
Despois da noite, haveria um novo dia, um novo sol. Mas Ana se entregou ao mar e não viu a nova oportunidade.
Eliandra C. M.
Assinar:
Postagens (Atom)