Você foi e não voltou. Andou e não retornou.
Ficou. Abraçou. Saudou. Beijou. E ficou.
Não retornastes por se sentir assim: único.
Sendo único, ficou sozinho em meio ao alfabeto
Mas de uma solidão cuja cultura gramatical,
eu cultuo.
Te disseram:
- Não voltes!
E você... ficou.
Se todas as cartas que não chegaram
fossem enviadas,
Se todos os pensamentos
fossem revelados,
Se todas as verdades
fossem ditas,
Se todas as angustias
fossem de asa quebrada,
Você se perderia no caminho e talvez dissesse:
- Eu não sei voltar. Eu vim para ficar.
Por que o gosto mentiroso, é a verdade,
que pode até não ser dita, mas é a única
em que acreditamos, por enxergamos aquilo que queremos ver.
Pois se eu te disser:
- Voe, com a mesma asa quebrada! Viva... E se quiser volta.
Na verdade, eu quero dizer:
- Fica, mas fica para sempre.
Se eu tiver em mãos, areia
o vento levará.
Se eu tiver em mãos, pedra
a água mole levará.
No equilíbrio desse vôo, eu estenderei minhas asas
para que nada que possa ir embora,
me deixasse aqui, cultuando o ritmo do relógio.
... e se a verdade for pouca,
coloco em prática meu arroubo e ardor.
Pois o que tenho para lhe dar,
só multiplica quando divide,
somando o menos com um pouco mais.
Se a minha verdade fosse dita, sempre assim
você voltaria antes do pôr- do- sol,
sem uma asa - para eu lhe dar a minha -
e balbuciaria, como já o fez:
- Eu não quero voltar. Eu vim para ficar, mas dessa vez para sempre.
Eliandra Caon MarcolinoC. M.
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