segunda-feira, 16 de maio de 2011

deep

"Há um esconderijo suspenso dentro de cada um de nós: a forma de esconder o que se sente por defesa, insegurança e solidão. É uma fagulha se esquivando da palha.
Não é preciso muito para que o fogo arraste tudo sem pedir licença quando a ultima gota cai sobre nossas cabeças. O esconderijo se remexe, dança, cala, sofre. Pensa e repensa. Faz e desfaz o nó. É o silêncio. A palavra dolorosa. O medo oculto. O segredo. O princípio de um precipício.
A garganta parece sentir esses impulsos. É a partir daí que uma decisão é tomada: ou você grita ou você cala.
Já gritei. Já expulsei sem piedade os meus impulsos. "Doa a quem doer". E hoje quem sente as dores de cada infurtunio sou eu. Agora eu calo. Se é preciso que algo seja feito ou dito, deixo o tempo e a consciência se manifestar naturalmente, como a folha cai no outono, como a migração das andorinhas.
Me refugio em diversos lugares. Começo dentro de mim e busco o que me dá forças: Deus, família e amigos. Onde a dor se tornar amena é onde eu descanso.
Cada vez que ouço essas vozes me acudirem, eu ouço sem estremecer, e logo em seguida deixo que o juiz apite o jogo quando achar necessário. Confio mais em mim e na justiça divina.
Assim, a utilidade de manter meu esconderijo vivo me faz cada vez mais saber viver aos poucos e sempre intensa."

segunda-feira, 11 de abril de 2011

"Contam-se gotas, contam-se distâncias
mas perdem-se os números
falando em amor, falando em saudade.
Subtrai-se tristezas: soma-se risos.
Divide-se tudo; divide-se o mundo.
E qual seria as surpresas
se existem fórmulas?
Dentro, no fundo, existe um signo
que diz não contar segredos
porque a vida é isso: descobertas.
Pois digo, amar é, antes de qualquer calculo:
descobrir no outro o que há mais de bonito em si.
Dois, três, quatro...
Que seja um, mas que seja intenso...
um grito, um salto, um olhar, um pulsar
duas vidas...
um único coração"

terça-feira, 29 de março de 2011

"Sinto falta do que não vivi.
Se pudesse andar sobre a lua e assim sendo admirar a Terra tão distante e azul, sentiria saudades. Saudades de casa. Saudades da gravidade. Saudades.
Daqui posso ver a lua e sentir um aperto. Já estive várias vezes tocando o seu tapete de poeira. Sim, já estive lá. E sinto falta... Falta dessa imaginação tão viva e real.
Sinto falta do que não vivi.
Ainda que eu ande satisfeita por estas estradas, ainda falta um pedaço. Sempre falta um pedaço quando seu coração está em um lugar e sua cabeça em outro. Meu coração sente falta dessas viagens rápidas, prazerosas e intensas até o outro lado do firmamento, e minha cabeça me diz para ficar cada vez mais aqui.
Sou a prova de que os olhos não mentem a voz do coração. Olhar para a lua é colidir minhas veias e artérias umas com as outras. É só saudade do que faz parte da minha casa.
Sinto falta de voltar a lua.
Sinto falta de sentir falta de casa, por estar tão distante.
Sinto falta do que não vivi."

terça-feira, 15 de março de 2011

Mas... Quem faz o palhaço rir?

Depois que a luz se vai, o palhaço é sombra. Quando o palco é só lembrança, vazio fica o palhaço.
- Doutor, a tristeza me consome! -  dizia a pobre.
- Vá ao Circo! Ria com o palhaço. - dizia o mais pobre ainda.
E assim curou-se o coração despedaçado.
Mas, me diz, D outor! Quem cola os cacos do palhaço? Quem cuida do riso de quem só sabe fazer rir?  Me diz, se ele sabe rir de si mesmo e contente está por isso! Me diz, Doutor... me diz...
Posso até ver sua maquiagem escorrendo com a lágrima. Todos riem da sua tristeza, porque tudo é graça. Tudo é festa da desgraça. Posso ouvir as gargalhadas enxendo o circo, esvaziando o palhaço.
Os palhaços também choram. Quem se importa com os palhaços?

quinta-feira, 10 de março de 2011

Sem medo, sem mais, apenas em frente.

"A dúvida é a parte que divide: se for por ali talvez eu siga sempre assim. Mas e se eu não for?
Toda a certeza precisa de provas, de experimentos, de experiência e principalmente confiança.
Não é um mal errar, seguir o lado oposto, desviar do contínuo. O mal é não arriscar, ter medo do que pode vir, impedir-se do auto-conhecimento.
Pode até ser dividido entre facil e difícil. Não importa. Os dois te levarão à algum lugar... Se for errado, a vida dará um jeito de uma nova oportunidade, seja quando ou onde for.
Escolher pode parecer trágico, porque uma metade deseja e a outra repele.
Mas acredite: trágico é não arriscar; deixar passar todas as oportunidades esperando que venha uma em que te pareça perfeita. Acredite, mais uma vez, ainda nada está perfeito, visto que essa é a busca. Então, por que não errar escolhendo? É só saber cultivar flores e espinhos."

Água Salobra

 "Dexei que viesse a mim, tudo o que fosse de ti.
Como ar, respirei suas ambições...
Inalei toda a sua alma que fluia facilmente até as minhas entranhas.
Dexei que a chuva caísse até onde pudesse semear;
deixei que ela simplesmente caísse, naturalmente...
É tão inofensivo que domina sem pretensão:
 escorrendo o gelo que arrepia da água que fica.
Vem calmo e depois me tira do sossego.
Joga-me contra minhas verdades e me põe onde nunca estive.
Mas não me perco facilmente,
porque, lá vem você de mansinho, 
a ser mais uma vez minha luz em meio à escuridão."

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A Cruz que risca as nuvens.

“Sentou-se ao seu lado e olhou fixamente para a imagem a frente.

- Não consigo entender.
-Qual parte? – respondeu a garota, ajoelhada, ainda de mãos juntas entre a cabeça e com os olhos fechados.
- Tudo. Essa sua fé. Essa sua mania de rezar e esperar pelo impossível. – Chegou mais perto e disse: Qual milagre você espera?
Ela o olhou com os olhos cheios d’água e voltou para sua oração. Silêncio...
Ele a deixou e entrou no seu carro, olhando mais uma vez para trás, vendo a cruz erguida em cima da igreja riscar as nuvens .
Um barulho estranho no motor e cheiro de fumaça o fez parar no acostamento. 'Droga!', pensou. 'O carro quebrou.'
Tentou ligar para alguém. Celular sem bateria... Começou a chover; via-se raios por todos os lados. Ao longe viu um caminhão e acenou. Desceu um homem com barbas longas e correntes em volta do pescoço,  apontou-lhe uma arma: 'Dinheiro! Passa o dinheiro!' .
Tudo estava dando errado. Não havia mais o que ser feito.
- O que Você quer? – começou a gritar para os céus desesperadamente – Quer que eu morra aqui? Belo Justiça a Sua!
Estava começando a escurecer e a chuva começou a dar uma tregua. 'Se eu voltasse, talvez ela ainda esteja lá e me ajude.'
Começou a andar e a resmungar. Sem carro, sem nenhum dinheiro, roupa molhada, com frio e fome e tendo que andar pelo mato com bichos desconhecidos. Falou tanto com si mesmo que cansou.
Ao longe viu novamente a cruz riscar o céu, mas correu quando se deu conta do que havia acontecido. Metade da igreja estava sob escombros, a rua estava interditada, as árvores caídas e as poucas  pessoas da pequena cidade gritando o tempo todo.
Alguém o tocou e disse: O senhor não pode entrar ai. Como um surdo desesperado, entrou sem hexitar.
Procurou por ela como louco e a chamava aos berros. Foi tirando a madeira, o concreto, tudo que via pela frente com uma força inexistente. Chegou onde ela estava anteriormente.
Dormia como um anjo... Sua roupa cheia de sangue e o corte na sua cabeça, fez o pequeno homem chorar e tomá-la nos seus braços, pela última vez.
Por um tempo ali, naquele silêncio, em que só se ouvia dentro de si 'Por quê? Por quê?', ele olhou para a única parte intacta: o altar.
A imagem do Homem o emocionou. Como louco procurando pelo juízo, pela paz no coração, começou a rezar:
- Deus, não entendo nada de fé. Nunca acreditei em Ti. Nunca precisei rezar. Mas se isso a trazer de volta, se isso a fizer olhar para mim mais uma vez, então eu acreditarei e O seguirei. – Olhou mais uma vez para ela e sorriu em meio as lágrimas – Eu O entendo. Ela realmente faz parte dos seus anjos, mas não a toma de mim, assim, tão cedo, eu não tive tempo de dizer o que eu sinto. Não a leve de mim, meu Pai. Não a leve...
O silêncio fala alto. O silêncio é a parte mais dolorosa da saudade, que o amor sente. Por um momento ali, chorando e rezando baixinho, sentiu como se ela estivesse de volta. Então, a abraçou e encostou sua cabeça em seu quadril, como fazia há anos.
Ouviu um gemido. Um ruído. Levantou assustado e a olhou. Seus lábios se mexeram...
- Era esse... esse o milagre que eu esperava."

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Paciência, esperança e amor é a letra.

"Nós somos como ouvir a mesma música em tempos diferentes: enquanto eu estou no refrão você está começando a ouvi-la. É o mesmo sentimento, é o mesmo compaço, é o mesmo toque e quase uma perfeita harmonia. Para mim, falta pouco para elas se ajustarem em algum tempo no espaço. Para você... É preciso que chege ao refrão pra poder entender o porquê eu te espero para ouvir o fim." 

domingo, 2 de janeiro de 2011

Olhe. Chegue. Ria. Toque. Ria mais uma vez. Saia. Olhe para trás. Sorria...
Espere. Acalme-se. Atenda. Enlouqueça. Desligue. Sonhe... sue.  Acorde. Sorria. Espere... Espere... Espere.
Chore, morda, grite. Chame. Chama... Chama.. Chama. Atende? Não. Chama... chama é fogo.

Tempo.

Olhe. Acalma-se. Afaste-se. Passos. Respiração.  Ele ri. Você perdoa. Mais perto.
Finge. Dissimula. Ele ri. Você entrega.
Casa. Risos tortos. Espelho. Risos bobos.
Sono. Imaginação. Lábios mordidos.
Sol. Riso. Sonho? Não. Sonho... sol é quente
Espera. Espera... Lágrima.
Chega!

Tempo...
Tempo...
Tempo...

Olhe. Nada. Passos... Respiração. Ele ri. Ela se vai...
Tentar. Amar. Outra vez. E outra. E outra. Lágrimas. Nada.
Esquecer! Fugir. Praia, sol, mar. Nós...
Esquecer! Objetivo. Futuro.

Fé. Fé. Fé.
Tempo.
Tempo.

Ele ri. Nada... Ele diz. Nada.

Ele faz! Acredita. Abraça. Sorrisos. Beijos. Juras.
Tempo... tempo é esperança que se dá ao amor.